
azul, rosa, lilás. ela tentava se concentrar nas cores do lençol, tentava se lembrar da visão que tivera de seu quarto segundos atrás de apagar as luzes, era inútil.
o medo superou sua razão, tanto quanto o frio arrepiante transpassava a colcha retalhada por sua vó. os móveis rangiam mais do que o de costume, e Maria Flor não sabia se era suficientemente corajosa para levantar e acender a luz, ainda q por poucos instantes, só pra tranquilizar o miocárdio...
da janela de seu quarto, no meio da madrugada, uma estrela se destacava. não piscava, simplesmente, pulsava. Maria Flor nunca quis tanto entender o código Morse quanto naquele momento. ela tinha certeza de que alguma tentativa de comunicação estava em curso alí, apesar de ser incapaz de decodificar a mensagem
trouxe o lençol aos olhos, numa atitude infantil de se proteger do perigo. a fonte de luz pulsante, que agora já não parecia vinda de uma estrela tornava-se uma bola maior de mistério a cada pulsão, e aproximava-se dela numa velocidade quase agressiva.
Chegou tão perto de sua janela, que iluminava seu quarto como se fora meio-dia, Ela levantou-se. não hesitou, qualquer que fosse a natueza daquele estranho contato, ela sabia ser incapaz de controlá-lo.
Quando finalmente chegou na janela, sua curiosidade não permitia-lhe calcular o risco. esticou em direção ao desconhecido seus tímidos dedinhos, como quem esperasse tê-los arrancados de forma súbita.
Não havia mais luz alugma, questionou-se a escuridão por poucos segundos, antes de ser surpreendida por um zumbido ensurdecedor que invadiu seus ouvidos, rasgando seu tímpano de tal maneira que, quando o silêncio se fez, Maria Flor pensou estar surda. havia mais do que bucolismo naquele silêncio.
Era o barulho do nada.
Maria Flor viu o objeto acender-se novamente e pulsar de volta para seu lugar no céu com os olhos deslumbrados de um adolescente que vê a primeira mulher nua da vida
Foi até o outro lado de seu quarto e acendeu as luzes, voltou à janela e viu uma pedra. forma indefinida, parecia empoeirada. ela limpou até enxergar seu brilho, branco como os ossos de um humano.
(ela merece continuação, mas o estado n me permite)