domingo, 22 de julho de 2012

Entre Nov e Dez de 2011

Me perdoa, patrão
se o sono se estampa em minha cara
de cara limpa, eu confesso
não dormi hoje, não durmo nunca

é que o salário daqui
paga a cama de lá de casa, mas só
pra pagar a feira,
pago de artesã, bordo à luz fraca
que venho buscar aqui

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Indo e Voltando


Um dia,
indo comer um pastel,
encontrei um amigo

mesmo dia,
encontrando sinapses encantadoras,
temi mostrar o que não queria ver.

Noite linda,
temendo perder uma chance única
senti teu beijo me abraçar

não sei bem quando,
sentindo uma tranqüilidade estóica
enfrentei litros de energia.

Semanas além,
enfrentando minha coragem
ousei o primeiro eu te amo

no nosso quintal,
ousando duvidar de Aristóteles
percebi que éramos o campus.

Numa tarde,
percebendo teu olhar infinito
entendi que o tempo se fazia vão

na noite de despedida,
entendendo nosso tempo/espaço
contemplei nossa presença.

Faz pouco,
contemplando o vazio
voltei sozinha da rodoviária.

Quando você me disse da felicidade
de encontrar uma mulher massa,
parceira, indo e voltando, eu fui

E agora, tendo ido,
Encontrado, temido, sentido, enfrentado,
ousado, percebido, entendido, contemplado
...

Eu volto,
Pra te dizer que continuo indo.












*ps: feliz dia do amigo, meu amor!

domingo, 11 de julho de 2010

Nós


Eu queria morrer
mas Eu não deixo
Eu duvido do eu cheio de dúvidas

eu é covarde
Se Eu acreditasse, apoiaria
mas eu não quer mudar
Eu não tenho mais paciência pra ouvi-lo chorar

Eu tinha medo de crescer
eu era um refúgio
e Eu não conseguia matá-lo
Eu fui pra análise porque eu não largava de mim

eu me mata, um pouco a cada dia
eu faz isso comigo só de pirraça
Eu não mereço
Eu te enterro, eu.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Matuto Conta História


Como se pudera se apropriar da linguagem, o matuto faz da língua um tela para suas criações. O Matuto conhece tão bem aquilo que está em suas mãos, que se permite brincar com seu instrumento de trabalho. Existe um certo dialogismo entre a lógica do matuto e a concepção comunicativa. Só esse ser consegue arbitrar a dinâmica onde todos estão inseridos

Quando o matuto ousa se pronunciar, ele já conhece tão bem cada um de seus expectadores, que nem chega a fazer grande esforço para provocar nestes a sensação esperada. O Matuto observa. Enquanto cidadãos do mundo degladiam-se em resgatar numa história rotineira o maior número possível de significantes contidos no repertório de quem os ouve, o matuto escuta.

Ao contar uma história, o ser Matuto traz à tona bens simbólicos que criam, nas projeções hiper-realistas de todos os seus ouvintes, alter-egos aventureiros, desbravadores, sábios e mansos, um arquétipo surge nesse momento. Quando um matuto fala, ele tem a preferência. É possível que no meio de uma história, alguém faça assim por dizer um adendo, mas no momento em que o matuto retoma as rédeas da história, todos se calam.

O matuto nunca deixa uma historia pela metade, ele sempre sabe. Só ele pode se dar ao luxo de ser desacreditado no meio de sua jornada explanatória sem nunca, no entanto, ser creditado como mentiroso. Não há dúvidas, que em alguma curva da Caatinga que só ele conhece tão bem, a verossimilhança aparecerá novamente diante dos ouvidos daqueles que não apenas o ouvem, mas degustam o sabor do doce de Jaca mole, da sirigüela, do Melão-do-mato ou enxergam a criança tingida em cima da Jaboticabeira.

Não que não seja mérito dele, é sim, é máxima culpa do Matuto ser tão encantador, mas não deixa de ser absoluta verdade o fato de que, ainda que não fosse tão digno de admiração, seria respeitado e adorado pelo contexto em que se encontra.

Reside, no seu discurso o charme nostálgico de uma época de outrora à qual se entregam aqueles que nunca conheceram tal prazer, Quando o Matuto fala, então, ele permeia um universo que não pertence mais a ele, uma vez que ele sabe que só meninos de prédio ficam tão embasbacados, e não pertence aos meninos, porque é a conotação que os fazem sorrir, é a imaginação, acima de tudo, intrínseca em todas as imagens criadas em suas vãs memórias, que os fazem sonhar uma viagem tão simples e bela.

Existe então, digamos assim, um limbo, uma zona de acesso, onde o único a ter acesso é o ato comunicativo em si. No momento em que o matuto fala e os outros ouvem, é neste exato lugar onde todos se encontram, como se fora um Marco Zero. O matuto prestes a voltar a sua pseudo-encantadora-realidade; os outros as suas não-tão-encantadoras realidades.

Com a ousadia que me é permitida, o poeta é mesmo um fingidor, Pessoa.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

(so)


azul, rosa, lilás. ela tentava se concentrar nas cores do lençol, tentava se lembrar da visão que tivera de seu quarto segundos atrás de apagar as luzes, era inútil.

o medo superou sua razão, tanto quanto o frio arrepiante transpassava a colcha retalhada por sua vó. os móveis rangiam mais do que o de costume, e Maria Flor não sabia se era suficientemente corajosa para levantar e acender a luz, ainda q por poucos instantes, só pra tranquilizar o miocárdio...

da janela de seu quarto, no meio da madrugada, uma estrela se destacava. não piscava, simplesmente, pulsava. Maria Flor nunca quis tanto entender o código Morse quanto naquele momento. ela tinha certeza de que alguma tentativa de comunicação estava em curso alí, apesar de ser incapaz de decodificar a mensagem

trouxe o lençol aos olhos, numa atitude infantil de se proteger do perigo. a fonte de luz pulsante, que agora já não parecia vinda de uma estrela tornava-se uma bola maior de mistério a cada pulsão, e aproximava-se dela numa velocidade quase agressiva.

Chegou tão perto de sua janela, que iluminava seu quarto como se fora meio-dia, Ela levantou-se. não hesitou, qualquer que fosse a natueza daquele estranho contato, ela sabia ser incapaz de controlá-lo.

Quando finalmente chegou na janela, sua curiosidade não permitia-lhe calcular o risco. esticou em direção ao desconhecido seus tímidos dedinhos, como quem esperasse tê-los arrancados de forma súbita.

Não havia mais luz alugma, questionou-se a escuridão por poucos segundos, antes de ser surpreendida por um zumbido ensurdecedor que invadiu seus ouvidos, rasgando seu tímpano de tal maneira que, quando o silêncio se fez, Maria Flor pensou estar surda. havia mais do que bucolismo naquele silêncio.

Era o barulho do nada.

Maria Flor viu o objeto acender-se novamente e pulsar de volta para seu lugar no céu com os olhos deslumbrados de um adolescente que vê a primeira mulher nua da vida

Foi até o outro lado de seu quarto e acendeu as luzes, voltou à janela e viu uma pedra. forma indefinida, parecia empoeirada. ela limpou até enxergar seu brilho, branco como os ossos de um humano.

(ela merece continuação, mas o estado n me permite)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Caetano + Warhol




... E foste um difícil começo. Afasto o que não conheço. E quem vende outro sonho feliz de cidade. Aprende depressa a chamar-te de realidade. Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso. Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas. Da força da grana que ergue e destrói coisas belas. Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas...


/casinha (nah)



Se a luz branca, que vem do sol, é uma composição que contem, dentro de si, todas as frequências num espectro que temos como 'visível aos olhos humanos' , se fôssemos capazes de ir até um outro sistema, que não o solar , e ficásemos expostos a uma outra luz, mais completa do que a lz branca, proveniente de uma estrela que queimasse outros gases, numa atmosfera diferente, e tivesse outras frequencias luminosas sendo expelidas, seriam nossos olhos capazes de perceber cores totalmente novas?



segunda-feira, 31 de agosto de 2009

/casinha (nah)








E quando tocava a musica, parecia que sim, havia varios padrões diferentes de compassos sendo executados simultaneamente por timbres diversos mas, inacreditavalmente, eu era capaz de percebê-los separadamente e isolá-los aumentando ou diminuindo seu volume, pra perceber sua relação com os demais timbres, que seguiam compassos diferentes.

Eis que de repente surge uma moto perto de mim, - aquele típico som de motor se encaixava perfeitamente no penúltimo timbre mais grave da música e fez desaparecer, completamente, este som por alguns segundos- e quando, por bem, ela resolve desligar-se, inteompendo portanto, o barulho por ela espalhado, o som do instrumento cujo timbre acompanhava perfeitamente o compasso da moto, esvai-se junto com o ruído dela.

A música fica assim agora, incompleta, e 'auditoralmente' diferente, me espanta que naquele momento eu olho pra todos os brothers da roda, e ninguém dá a mínima, me surpreende a hipótese dos outros terem sido incapazes de perceber a latente diferença. Quando finalmente decido tirar meus fones de ouvido para entender sobre o que eles conversavam e assim, possivemelnte, desculpá-los pela imensa falta de perspicácia, me dou conta que era deles que a musica estava saindo o tempo todo

''Que merda, então eles não tavam ouvido essa porra dessa musica, não estavam deliciando-se com essa descoberta?'' é, merda véi. ngm, a menos eu, terá o prazer de lembrar desse bode.



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

enchamos o copo!



o amor é copo de cerveja.

de nada adianta bebê-lo todo de uma vez. sem degustar, sem apreciar seus gostos, sem curtir o momento em que te delicias com ele

aqueles que buscam um entorpecente, apaixonam-se, ou embebedam-se, sem nunca conhecerem a pureza do amor

de nada vale também deixar o copo no centro da mesa como se sua importância fosse mostrar aos outros o que vc tem

não é expondo o teu amado que será mais forte ou menos mentiroso o teu amor

tens de mantê-lo perto de si ...interagir com ele. e que seja de verdade

a cerveja é amarga sim, mas não tanto quanto o amor. por isso, consuma-os qdo te julgares pronto. não ouças ninguém

só proves se quiseres de verdade. ou no final de tudo, se arrependerás de teres começado

não deixes que a tua falta de atenção te impeça de encher o copo sempre que necessario

há de se tomar o amor antes que já não valha mais a pena tomá-lo ...antes que todo o gás que o mantinha atraente...escape sem q percebas

não deixes que teu amor fique velho, sem frescor, abandonado, ele não se renova sozinho

enchas o copo.