sexta-feira, 4 de setembro de 2009

(so)


azul, rosa, lilás. ela tentava se concentrar nas cores do lençol, tentava se lembrar da visão que tivera de seu quarto segundos atrás de apagar as luzes, era inútil.

o medo superou sua razão, tanto quanto o frio arrepiante transpassava a colcha retalhada por sua vó. os móveis rangiam mais do que o de costume, e Maria Flor não sabia se era suficientemente corajosa para levantar e acender a luz, ainda q por poucos instantes, só pra tranquilizar o miocárdio...

da janela de seu quarto, no meio da madrugada, uma estrela se destacava. não piscava, simplesmente, pulsava. Maria Flor nunca quis tanto entender o código Morse quanto naquele momento. ela tinha certeza de que alguma tentativa de comunicação estava em curso alí, apesar de ser incapaz de decodificar a mensagem

trouxe o lençol aos olhos, numa atitude infantil de se proteger do perigo. a fonte de luz pulsante, que agora já não parecia vinda de uma estrela tornava-se uma bola maior de mistério a cada pulsão, e aproximava-se dela numa velocidade quase agressiva.

Chegou tão perto de sua janela, que iluminava seu quarto como se fora meio-dia, Ela levantou-se. não hesitou, qualquer que fosse a natueza daquele estranho contato, ela sabia ser incapaz de controlá-lo.

Quando finalmente chegou na janela, sua curiosidade não permitia-lhe calcular o risco. esticou em direção ao desconhecido seus tímidos dedinhos, como quem esperasse tê-los arrancados de forma súbita.

Não havia mais luz alugma, questionou-se a escuridão por poucos segundos, antes de ser surpreendida por um zumbido ensurdecedor que invadiu seus ouvidos, rasgando seu tímpano de tal maneira que, quando o silêncio se fez, Maria Flor pensou estar surda. havia mais do que bucolismo naquele silêncio.

Era o barulho do nada.

Maria Flor viu o objeto acender-se novamente e pulsar de volta para seu lugar no céu com os olhos deslumbrados de um adolescente que vê a primeira mulher nua da vida

Foi até o outro lado de seu quarto e acendeu as luzes, voltou à janela e viu uma pedra. forma indefinida, parecia empoeirada. ela limpou até enxergar seu brilho, branco como os ossos de um humano.

(ela merece continuação, mas o estado n me permite)

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